O que é TV a laser? Entenda a tecnologia de projeção de imagens

Sistema utiliza projetor de ultracurta distância (UST) para oferecer imagens com mais de 100 polegadas; entenda as vantagens e desvantagens dessa tecnologia

Emerson Alecrim Ana Marques
Por e
• Atualizado há 1 ano e 2 meses

TV a laser é um sistema composto por um projetor para espaço reduzido e, em muitos casos, uma tela grande de projeção. O seu diferencial em relação a projetores comuns está no uso de uma fonte de luz baseada em laser no lugar de lâmpadas ou LEDs.

Histórico e aplicações

O uso de laser para projeção de vídeo foi proposto por Helmut K.V. Lotsch, em 1977. Porém, um protótipo funcional inspirado nessa ideia só foi apresentado em 1995, pela Schneider AG, embora o aparelho nunca tenha se tornado um produto comercial.

Em 2007, a Hisense lançou uma TV a laser baseada em um projetor de ultracurta distância (UST, na sigla inglês). Depois disso, a empresa se tornou referência nesse tipo de produto.

Na CES 2023, a Hisense revelou que usa o nome “TV a laser” apenas para designar sistemas com projetor UST acompanhados de uma tela de projeção para que a imagem possa ter tamanho fixo. Dispositivos que não acompanham o acessório são designados pela marca como “cinema laser”. Outras fabricantes têm definições distintas para essa tecnologia.

No mercado, você pode encontrar o nome “TV a laser” associado a:

  • Apenas um projetor UST;
  • Um kit de projetor e tela;
  • Um sistema completo de projeção, com áudio integrado e sistema operacional.

Em todos os casos, a TV a laser pode ser uma opção para quem quer ter uma experiência com tela grande mais cômoda que a de um televisor. Cientes disso, marcas como BenQ, Epson, LG e Samsung também apostam no conceito.

Projetor para TV a laser (imagem: divulgação/Hisense)
Projetor para TV a laser (imagem: divulgação/Hisense)

Como funciona uma TV a laser?

O sistema de TV a laser precisa de um projetor que fica a poucos centímetros do ponto de projeção. A distância pode ser fixa ou variável.

Em equipamentos acompanhados de uma tela, a distância deve ser correspondente ao tamanho do acessório. Nas projeções diretas à parede, pode haver variações.

Normalmente, um projetor para TV substitui a lâmpada de luz branca dos projetores tradicionais por três lasers, um para cada cor RGB (vermelha, verde e azul). A luz resultante alcança um chip especial e é ampliada por uma combinação de lentes para gerar o feixe que projeta a imagem.

Mas pode haver diferentes implementações. Eis as principais:

  • DLP (Digital Light Processing): gera imagens com auxílio de um chip DMD (Digital Micromirror Device), baseado em espelhos microscópicos;
  • LCD (Liquid Crystal Display): faz a projeção com auxílio de painéis LCD em vez de espelhos;
  • LCOS (Liquid Crystal on Silicon): combina uma matriz de LCD com componentes espelhados. É uma espécie de mistura de DLP com LCD.
TV a laser com projetor DLP (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
TV a laser com projetor DLP (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Alguns equipamentos podem trazer apenas o laser azul, cujo feixe é dividido em dois. Um deles é convertido em luzes verde e amarela. Tem-se então três feixes cujas luzes são ampliadas por lentes. Outra abordagem possível é o uso de laser azul com LEDs para gerar diferentes cores.

Em um sistema de TV a laser, é comum o projetor funcionar como uma smart TV, ou seja, ter um sistema operacional com suporte a aplicativos de streaming, a exemplo do Android TV. Do contrário, o usuário teria que conectar um celular ou um computador ao equipamento para projetar um vídeo.

Tela de projeção

TVs a laser fazem projeções com mais brilho do que projetores comuns, além de ter alta resolução, como 4K. Contudo, a qualidade da imagem pode ser prejudicada por fatores como o nível de luz de ambientes claros ou distâncias inadequadas. Telas de projeção resolvem ou atenuam esses problemas.

Uma tela de projeção é um acessório com tamanhos como 90, 100 e 120 polegadas que recebe imagens de um projetor UST. Frequentemente, uma TV a laser é acompanhada de um painel ALR para esse fim, sigla em inglês para “rejeição de luz ambiente”.

A tela ALR é composta por estruturas lenticulares escuras que absorvem a luz ambiente enquanto as claras refletem a luz oriunda do projetor. Com isso, as imagens são reproduzidas com boa nitidez, mesmo se as luzes estiverem acessas no recinto.

Tela de projeção ALR (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Tela de projeção ALR (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Vantagens de uma Laser TV

Uma Laser TV oferece diversas vantagens em relação a TVs OLED e LCD com tela grande. São elas:

  • Sem risco de burn-in: TVs a laser não são suscetíveis ao desgaste natural dos pixels que resulta no efeito burn-in, ao contrário das TVs OLED, compostas por materiais orgânicos;
  • Portabilidade: é mais prático mudar uma TV a laser de ambiente do que um televisor convencional. Como a tela de projeção é mais fina do que uma TV comum, o transporte também tende a ser mais fácil;
  • Versatilidade: quando não for possível usar uma tela de projeção, a reprodução pode ser feita em uma parede, embora possa haver queda de qualidade de imagem nessas circunstâncias;
  • Baixo consumo de energia: TVs a laser tendem a demandar menos energia do que painéis com retroiluminação LED e mesmo tamanho físico;
  • Menor custo por polegada: uma TV a laser pode reproduzir imagens em tamanho superior a 100 polegadas. Isso faz o seu custo por polegada ser menor em relação a TVs OLED com as mesmas dimensões;
  • Mais durabilidade: projetores a laser podem alcançar 25 mil horas de uso, contra cerca de 5 mil horas de lâmpadas para projetores convencionais, embora essa característica varie conforme o produto.
TV a laser Hisense (imagem: divulgação/Hisense)
TV a laser Hisense (imagem: divulgação/Hisense)

Desvantagens de uma Laser TV

Apesar dos benefícios mencionados anteriormente, uma TV a laser pode apresentar as seguintes desvantagens se comparadas a TVs convencionais:

  • Interferência da luz ambiente: a iluminação local pode prejudicar a nitidez e a fidelidade das cores, afetando a qualidade da imagem. É possível tratar o problema ajustando o brilho ou recorrendo a uma tela de projeção ALR;
  • Risco de dead pixel: manchas, poeira e defeitos de fabricação podem fazer o projetor exibir dead pixel, embora esse problema afete principalmente telas LCD;
  • Preto limitado: o preto de TVs a laser costuma não ser tão profundo quanto em painéis OLED, afinal, o projetor ilumina toda a tela, inclusive áreas escuras;
  • Preço alto: embora o preço por polegada de uma TV a laser possa ser menor em relação a um modelo OLED, o custo total pode ser maior se considerarmos o sistema completo, com projetor e tela ALR;
  • Falta de padronização: algumas marcas, como a Hisense, vendem o sistema completo, com projetor e tela ALR, como uma TV a laser. Outras, como a BenQ, vendem somente o projetor UST, mas também usam o nome TV a laser.

Perguntas frequentes

Laser TV é melhor para os olhos?

A TV a laser tende a ser menos prejudicial à saúde dos olhos do que TVs comuns (principalmente com backlight de LED) porque a superfície que exibe a imagem nesse sistema absorve parte da luz azul que causa fadiga ocular. Um estudo publicado na Scientific Reports sugere ainda que a luz azul pode causar danos à retina em exposições prolongadas.

Qual é a vida útil de um projetor a laser?

Normalmente, um projetor de TV a laser tem vida útil de 20 mil a 25 mil horas, contra algo entre 3 mil e 5 mil horas de lâmpadas incandescentes para projetores comuns. Por outro lado, projetores com emissão de luz via LEDs podem alcançar uma durabilidade de 60 mil horas.

TV a laser suporta HDR?

TVs a laser podem funcionar com HDR e resoluções elevadas, como 4K. Contudo, essas características dependem do produto. Geralmente, o HDR está presente em modelos avançados, como o Hisense 100L5F-B12.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

Ana Marques

Ana Marques

Gerente de Conteúdo

Ana Marques é jornalista e cobre o universo de eletrônicos de consumo desde 2016. Já participou de eventos nacionais e internacionais da indústria de tecnologia a convite de empresas como Samsung, Motorola, LG e Xiaomi. Analisou celulares, tablets, fones de ouvido, notebooks e wearables, entre outros dispositivos. Ana entrou no Tecnoblog em 2020, como repórter, foi editora-assistente de Notícias e, em 2022, passou a integrar o time de estratégia do site, como Gerente de Conteúdo. Escreveu a coluna "Vida Digital" no site da revista Seleções (Reader's Digest). Trabalhou no TechTudo e no hub de conteúdo do Zoom/Buscapé.