Review Moto X Style: o smartphone estiloso cresceu
Terceira geração do Moto X tem câmera boa, bateria maior e tela de 5,7 polegadas.
Flagship da Motorola chegou ao Brasil com preço sugerido de 2.499 reais e 32 GB de espaço.
Terceira geração do Moto X tem câmera boa, bateria maior e tela de 5,7 polegadas.
Flagship da Motorola chegou ao Brasil com preço sugerido de 2.499 reais e 32 GB de espaço.
Lançado nesta quinta-feira (10), o Moto X Style chega ao Brasil com o famoso acabamento premium da geração passada e tenta resolver os dois principais pontos fracos do aparelho: câmera e bateria. Com sensor de 21 megapixels, bateria de 3.000 mAh e um carregador rápido, será que a Motorola acertou na terceira geração de seu flagship?
Quais as mudanças em relação ao modelo anterior? Vale a pena fazer o upgrade? Usei o Moto X Style como smartphone principal na última semana e você confere minhas impressões nos próximos parágrafos.
O Moto X Style é um sucessor legítimo do Moto X de 2ª geração. Diferentemente do irmão mais barato, que apostou em acabamento de plástico e design pouco refinado, o Moto X Style mantém a moldura de alumínio e a traseira com materiais “de verdade”, como madeira e couro. O smartphone é bem acabado, não tem folgas nos botões e possui a mesma identidade que a Motorola vem adotando há anos, com a leve curvatura na carcaça para (tentar) melhorar a pegada e uma frente limpa, dominada pela tela.
O que a Motorola não manteve foi a ergonomia ao longo das gerações. Eu gostava bastante do primeiro Moto X, lançado em 2013, porque a Motorola foi na contramão das outras fabricantes: enquanto os coreanos já colocavam displays maiores, os americanos de Chicago optaram por uma tela de 4,7 polegadas — a pegada era muito boa. O Moto X de 2ª geração veio com 5,2 polegadas, mas ainda era mais compacto que a concorrência. Já o Moto X Style marca a entrada no território dos phablets.
No final das contas, o que realmente agrada a maioria do público e vende mais são as telas grandes; é difícil nadar contra a maré quando se está tendo prejuízo. Nesse sentido, a Motorola fez um bom trabalho no Moto X Style: embora não pareça tão sofisticado como um Galaxy S6 Edge+ dourado, ele é um smartphone bonito de se ver e bastante funcional — os alto-falantes duplos realmente são estéreo (e potentes), a opção de traseira mais simples, com acabamento siliconado, tem boa aderência, e há até o mimo do flash LED na câmera frontal para satisfazer a demanda das selfies.
Aliás, falando em design funcional, é bom saber que a Motorola colocou uma entrada para microSD de até 128 GB para quem não se contenta com os 32 GB internos do Moto X Style. O cartão de memória vai na mesma bandeja dos dois Nano SIMs — inclusive, a variante com suporte a dois chips será a única comercializada no varejo. Se há espaço, por que não, certo?
O peso de 179 gramas e a espessura de 11,1 mm no ponto máximo podem ser sentidos logo de cara por quem estava acostumado com o Moto X de 2ª geração, sensivelmente mais leve (144 gramas), mas a diferença não chega a incomodar. A qualidade do acabamento continua a mesma (ou seja, é boa) e o fato da Motorola permitir personalizações no Moto Maker pode agradar os que querem fugir do preto e branco. Aliás, uma informação que a Motorola adiantou: a cor que você escolher para o detalhe na traseira, na câmera, será a mesma usada nas grades frontais dos alto-falantes.
Além do design, outro ponto controverso do Moto X Style é a mudança na tela, que foi de AMOLED para LCD. Eu não era um grande fã do display do Moto X de 2ª geração por causa das cores desequilibradas e tons estourados (diferente da Samsung, a Motorola ainda não estava acertando muito no AMOLED), mas havia quem gostasse da saturação mais forte e preto real da geração anterior.
Particularmente, acho a tela do Moto X Style muito boa. O painel LCD de 5,7 polegadas com resolução de 2560×1440 pixels entrega brilho forte e boa saturação de cores; a Motorola até implantou dois modos de cor (Normal e Intensidade, este último com tons mais fortes e configurado como padrão) para tentar deixar todo mundo feliz. Embora a Motorola divulgue o display como sendo TFT, não se engane: isso não significa que o ângulo de visão é limitado, e ele não parece nem de longe com aquelas telas de baixa qualidade que a Sony adotava nos primeiros Xperia Z.
Não é difícil falar do software da Motorola porque a empresa mantém uma boa consistência entre os aparelhos. Praticamente tudo o que citei no review do Moto X Play também se aplica ao Moto X Style, então, se você já leu a análise anterior, pode pular os próximos cinco parágrafos. Caso contrário, eis as mesmíssimas considerações:
Pegue o Android puro, desenvolvido pelo Google. Agora, adicione um gesto para abrir a câmera rapidamente, um assistente pessoal que escuta com o aparelho em standby, um aplicativo para integrar outros produtos da Motorola e um atalho exigido pela Lei do Bem para cortar os impostos. Esse é, basicamente, o Android 5.1.1 Lollipop que roda no Moto X Style.
Não é uma abordagem que agrada todo mundo (tem gente que prefere os recursos adicionais oferecidos por uma TouchWiz ou ZenUI da vida), mas é o modelo que mais me satisfaz — se eu quiser alguma função não disponível nativamente, posso procurá-la no Google Play. Com um sistema operacional que só traz o essencial, é mais fácil adaptar novas versões do Android e manter uma certa consistência no desempenho e na estabilidade do smartphone.
Em relação aos aparelhos anteriores da Motorola, praticamente nada mudou no software.
O Moto Voz é o assistente pessoal que pode ser ativado mesmo com o aparelho em standby e tem integração com determinados aplicativos que, até pouco tempo, o Google Now não tinha. Você pode publicar um texto no Facebook, enviar uma mensagem pelo WhatsApp ou tocar o clipe de alguma banda no YouTube — nem sempre o reconhecimento de voz acerta, especialmente com nomes próprios, mas na maioria das vezes funciona bem.
Os sensores embutidos no Moto X Style também permitem que o smartphone faça determinadas ações com o Assist. Se você estiver dirigindo, o aparelho pode automaticamente começar a reproduzir música no som do carro. Numa reunião, o smartphone fica em silêncio e pode enviar um SMS por conta própria para quem ligou e não foi atendido, por exemplo.
O que muda no software do Moto X Style em relação ao Moto X Play é que há suporte a mais gestos, devido aos sensores adicionais. Além do movimento de girar o pulso duas vezes para abrir a câmera rapidamente, você pode ativar a lanterna (agite o aparelho duas vezes), usar o assistente de voz sem precisar apertar nada (apenas levante o aparelho na altura da orelha com a tela desligada, e ele detectará isso) e ativar o Moto Tela (passe a mão por cima).
Ou seja, é um Android que oferece apenas o básico e não enche a tela de botões, ícones e recursos que você não vai usar. E funciona.
Depois de tantas decepções, o Moto Maxx foi o primeiro smartphone da Motorola que eu considerei ter uma câmera boa. O Moto X Style continua essa melhoria, ajudando a acabar com a fama ruim da Motorola nesse quesito. O sensor é o mesmo Sony IMX230 do Moto X Play, com resolução de 21 megapixels e 1/2,3 polegada, mas o processador diferente adiciona alguns extras, como o foco automático por detecção de fase (teoricamente mais rápido e preciso) e a gravação de vídeo em 4K.
O Moto X Style produz fotos com boa definição, baixo ruído e cores equilibradas, sem exagerar na saturação. Comparando com os Androids mais caros, como G4 e Galaxy S6, a qualidade das imagens é muito boa em condições favoráveis. No entanto, o foco automático nem sempre é certeiro e, por vezes, pode gerar imagens desfocadas. Esse ponto é importante num smartphone da Motorola, que possui um aplicativo simples de câmera e não permite foco manual por toque nas configurações padrão.
A Motorola ainda precisa melhorar algumas coisas. O alcance dinâmico não parece tão amplo quanto o de um Galaxy S6 Edge+, por exemplo, o que constantemente gerou regiões estouradas nas fotos mesmo em situações sem variação de contraste tão grande (um céu num fim de tarde, por exemplo). Além disso, a definição em fotos noturnas é boa, mas fica atrás dos concorrentes mais novos.
Na câmera frontal, que agora possui resolução de 5 megapixels, as melhorias também foram muito boas. O flash LED ajuda a clarear a cena em ambientes com iluminação prejudicada, mas a luz é mais suave e não estoura o rosto como um LED convencional faria. O pós-processamento para suavizar a pele é mais agressivo do que eu gostaria, mas o resto da cena continua com boa definição (vide as letras no monitor).
Em outras palavras, a câmera do Moto X Style é muito boa (e um avanço enorme em relação a qualquer outra da Motorola), mas não é excelente na faixa de preço em que a empresa decidiu competir ao vender o smartphone por R$ 2.499. De qualquer forma, se você estiver migrando do Moto X de 2ª geração ou algum topo de linha lançado há mais de um ano, provavelmente notará boas melhorias.
Dentro do Moto X Style, a Motorola colocou um hardware em linha com o que estamos vendo nos Androids mais caros. O processador é o Snapdragon 808, o mesmo que acompanha o G4 e não possui a má fama de esquentadinho do Snapdragon 810, usado no Xperia Z3+. O chip acompanha uma CPU hexa-core, com dois núcleos Cortex-A57 de alto desempenho (1,82 GHz) e quatro núcleos Cortex-A53 de economia de energia (1,44 GHz), além da GPU Adreno 418.
A performance é, como poderia se esperar de um chip poderoso acompanhado de 3 GB de RAM, muito boa. A abertura e alternância de aplicativos agrada. Eu diria que o desempenho multitarefa é um pouco melhor que o do Galaxy S6 Edge+, que conta com um gigabyte extra de memória, mas um gerenciamento de aplicativos em segundo plano mais agressivo, que tenta liberar recursos a todo custo, o que pode ser frustrante em alguns casos.
Mesmo com uma tela de 2560×1440 pixels, a Adreno 418 dá conta de rodar os jogos com boa taxa de quadros. Real Racing 3 aparece com gráficos detalhados, praticamente sem serrilhados, e Dead Trigger 2 não tem problemas inclusive com os gráficos no nível alto. Os resultados podem ser melhores com uma Adreno 430 (ou talvez não), mas a Adreno 418 não decepciona em nenhum momento.
Eis alguns resultados de benchmarks sintéticos para os viciados em números:
Eu não me preocupei com a bateria do Moto X Style em nenhum momento. Não porque a autonomia é sensacional (não se engane, não é), mas porque o carregador TurboPower 25, incluso na caixa, é absurdamente rápido. Como o nome sugere, com 2,15A em 12V, ele entrega 25W (ou 25,8W, para os chatos que fizeram a conta). É algo tão potente para um carregador de celular que a Motorola preferiu não arriscar e decidiu grudar o cabo no adaptador de tomada, para evitar que cabos USB comuns causem problemas.
Nas demonstrações da Motorola, a empresa mostrou que era possível recarregar completamente a bateria em cerca de uma hora, o que se confirmou nos meus testes. Quando a carga está mais baixa, devido ao funcionamento das baterias de lítio, a velocidade de recarga é maior; em alguns momentos vi o nível aumentando 2% ou 3% a cada minuto.
Mas, embora a capacidade de 3.000 mAh encha os olhos, a duração da bateria do Moto X Style fica dentro da média do que encontramos nos Androids mais caros. É muito melhor que o Moto X de 2ª geração, que tinha a bateria como um dos pontos fracos, mas não fica perto do Moto X Play, que traz uma bateria maior (3.630 mAh) e um hardware mais econômico.
No meu dia de testes com uso pesado de dados, tirei o Moto X Style da tomada às 10h50, ouvi músicas e podcasts (Spotify e Pocket Casts) por streaming no 4G durante 2 horas e naveguei na internet, entre emails, redes sociais e páginas da web, também no 4G, por cerca de 1h40min. A tela ficou ligada por exatamente 1h59min34s. Às 23h50, a bateria chegou aos 11%, pouco tempo depois do modo de economia de energia do Android 5.1 ser ativado.
Ou seja, não é uma bateria que está longe de fazer feio, mas também não impressiona. Pelo menos, se a coisa apertar, o carregador rápido pode garantir mais algumas horas de bateria em uma paradinha rápida na tomada.
Sim, a Motorola acertou: o Moto X Style é um grande avanço em relação ao Moto X anterior. A bateria finalmente é decente. A câmera chegou ao nível dos topos de linha. O acabamento continua ótimo. Mas a empresa cobra seu preço pelas melhorias. Custando R$ 2.499, ele ocupa a mesma faixa do LG G4 e Galaxy S6, com o agravante de que os aparelhos da Motorola costumam desvalorizar bem menos que os coreanos. Não dá para esperar promoções muito grandes, ainda mais com o dólar alto.
Mesmo custando significativamente mais caro que o modelo anterior, não dá para negar que as mudanças foram enormes: desta vez, a Motorola não economizou na câmera ou bateria, e o Moto X Style compete bem com seus pares, não estando atrás em nada. Desde a nova geração do Moto E, a Motorola não é mais aquela Motorola que tenta oferecer o mesmo que os concorrentes por um preço bem menor, mas ainda é uma Motorola competitiva.
Só me preocupa a questão da tela: 5,7 polegadas é muito, muito grande. Boa parte dos consumidores prefere displays maiores, mas sinto falta de uma opção menor, como a Sony faz com a linha Compact. Como comentamos no episódio do Tecnocast sobre fragmentação do Android, um dos problemas da plataforma é que não há consistência nas famílias de aparelhos: é muito provável que os maiores fãs do Moto X de 1ª e 2ª geração, que gostavam da proposta original do aparelho, descartem o Moto X Style logo de cara por causa do visor enorme.
Quando o preço foi anunciado, a principal base de comparação de todo mundo foi com o Zenfone 2, que custa a partir de R$ 1.299, quase a metade do preço do Moto X Style. É verdade que o aparelho da Asus brilha pelo marketing dos 4 GB de RAM, mas ele é inferior ao aparelho da Motorola em quase todos os aspectos — no design de plástico, na câmera que estoura as cores, na tela com brilho inferior, na bateria que dura menos e no software poluído. O custo-benefício do Zenfone 2 é espetacular em sua faixa de preço, mas você leva o que paga.
Portanto, acredito que o Moto X Style é, sim, uma boa aposta da Motorola no segmento de topos de linha. Ela finalmente possui telas, sensores de câmera, bateria e outros componentes bons em mãos para competir com os melhores Androids do mercado. É aquele típico produto difícil de se arrepender depois da compra.