14 inovações da LG em celulares – e por que elas não foram o bastante
LG lançou celular com touchscreen capacitiva antes do iPhone, e foi pioneira em telas Full-HD, câmera dupla e recarga Qi sem fio
A LG confirmou o que se especulava há meses: ela desistiu do mercado de smartphones, e vai encerrar as atividades de sua divisão móvel – que acumulou mais de US$ 4 bilhões em prejuízo nos últimos anos. A empresa foi uma das primeiras a adotar diversas tecnologias para celular, como tela Full-HD, câmera dupla, recarga Qi sem fio, tela dupla e até touchscreen capacitiva. No entanto, isso não foi o bastante para realmente se destacar.
Em dezembro de 2006, o LG Prada (KE850) foi anunciado como o primeiro celular com tela capacitiva sensível ao toque: até então, você precisava depender de um teclado físico ou de touchscreens resistivas de plástico, que tinham qualidade geralmente muito inferior.
Mas, em janeiro de 2007, outro celular com touchscreen capacitiva roubou os holofotes: foi quando Steve Jobs anunciou o primeiro iPhone. O LG Prada, lançado por US$ 777, vendeu mais de um milhão de unidades – e acabou sendo esquecido pela maioria das pessoas.
Em 2009, a receita e o lucro da divisão móvel da LG bateram recorde. Por isso, ela caiu em uma armadilha semelhante à da Motorola e Nokia: na época, essas empresas ganhavam rios de dinheiro com dumbphones, então não viam tanta necessidade de investir em smartphones.
“Alguns de nós achávamos que estávamos satisfeitos demais com o sucesso dos dumbphones; demoramos demais nos preparando para os smartphones”, diz à CNET o executivo Hong-Joo Kim, que trabalhou por muitos anos na divisão móvel da LG.
As inovações da LG em celulares
Com o tempo, a coreana adotou o Android e implementou uma série de novidades de hardware. O LG Optimus 2X, lançado em 2011, foi o primeiro celular com processador dual-core – ele até entrou no livro de recordes mundiais do Guinness por causa disso:
O LG Optimus 3D, lançado no mesmo ano, foi um dos primeiros smartphones com câmera dupla: o objetivo era capturar imagens tridimensionais, assim como no rival HTC Evo 3D (que chegou ao mercado um pouco antes).
O LG Optimus 4X HD, de 2012, foi quase o primeiro celular com processador quad-core – o HTC One X chegou ao mercado um mês antes.
Até então, os celulares quad-core usavam o Nvidia Tegra 3, mas o LG Optimus G foi o primeiro modelo amplamente disponível com o Qualcomm Snapdragon S4 Pro, também de quatro núcleos.
O Nexus 4, vendido pelo Google e feito pela LG, foi o primeiro Android a oferecer suporte ao carregamento sem fio Qi. O Lumia 920 também tinha esse recurso e chegou ao mercado algumas semanas antes.
O LG G Flex, de 2013, foi um dos poucos celulares com tela curva flexível: ele trazia um display P-OLED e bateria especial para se adequarem ao formato incomum. E, ao contrário do concorrente Samsung Galaxy Round, ele também tinha uma traseira com revestimento que “curava” arranhões.
O LG G2, também lançado em 2013, foi um dos primeiros smartphones a eliminar os botões físicos da parte frontal – os controles de volume e o liga/desliga ficavam na traseira.
Por sua vez, o LG G3 foi um dos primeiros celulares com resolução Quad-HD, ou 1440 x 2560 pixels (o Vivo Xplay 3S chegou antes). Isso prejudicava a duração da bateria, mas o diferenciava de outros modelos da época com tela Full-HD. Ainda em 2014, diversos outros modelos adotariam essa resolução, incluindo o Galaxy Note 4.
Ao longo de dois anos, a LG foi a única fabricante de smartphones a oferecer câmera ultrawide, começando pelo LG G5 de 2016; a Huawei quebrou esse “monopólio” em 2018.
O LG G5 também se destaca pelo design modular e sistema Magic Slot, um exemplo de inovação malsucedida: ao contrário da linha Moto Z, você precisava desligar o aparelho antes de trocar de acessório, e havia poucas opções para expandir o hardware do celular.
O LG G6, de 2017, deixou de lado o design modular e adotou uma mudança que muitas outras fabricantes decidiram seguir: a tela com proporção 18:9, mais fácil de segurar com uma só mão.
A LG sempre teve uma certa obsessão por celulares com tela dupla: o DoublePlay, lançado em 2011, trazia um teclado QWERTY deslizante com um display entre as teclas. Em 2015, tivemos o LG V10 com tela QHD de 5,7 polegadas e uma touchscreen menor de 2,1 polegadas logo acima.
Isso culminou no LG Wing: este aparelho possui uma tela giratória que se move para ficar na horizontal. Enquanto isso, o outro display exibe informações adicionais – comentários do YouTube enquanto você assiste a um vídeo, por exemplo.
Estávamos nos preparando para o LG Rollable, o primeiro com tela expansível: trata-se de um smartphone que vira tablet, de forma diferente de celulares dobráveis como o Samsung Galaxy Z Fold 2. No entanto, ele muito provavelmente foi cancelado.
Só isso não adiantou para a LG
Revendo a lista de inovações adotadas pela LG em celulares, é possível notar um padrão: em diversos casos, o recurso foi amplamente adotado pela indústria, tirando o diferencial da marca – isso aconteceu com os processadores dual-core, resolução Quad-HD e tela com proporção 18:9, por exemplo.
Em outros casos, a inovação não foi o bastante para atrair clientes: com o tempo, a LG desistiu do design modular e da tela curva, que foram modas passageiras; enquanto a tela dupla e a tela giratória parecem uma solução em busca de um problema.
Além disso, a LG sempre hesitou em investir pesado em marketing, algo que ajudou a Samsung – sua rival coreana – a conquistar a liderança na venda de smartphones. Isso acaba criando um ciclo vicioso: a divisão móvel dá prejuízo, então não pode gastar muito em marketing, levando os clientes a comprarem de concorrentes e causando um novo prejuízo.
Os problemas de hardware também não ajudaram: a LG foi processada nos EUA por causa da falha de bootloop no LG G4, que ficava preso na tela de boot e não permitia acessar o Android. Fabricantes como Apple e Samsung tiveram dores de cabeça parecidas – antennagate e bendgate do iPhone, Galaxy Note 7 explosivo – mas conseguiram se recuperar. A LG já estava atrás, e não conseguiu reverter os prejuízos.
Com informações: XDA Developers, GSM Arena.