Sentimos falta destes sete produtos abandonados pelo Google

Google matou Orkut, Google Wave e diversos serviços que marcaram a época e deixam saudades; empresa já descontinuou cerca de 300 produtos

Lucas Braga
• Atualizado ontem às 11:01

De redes sociais complexas a gadgets futuristas, o Google não poupou esforços em descartar suas criações. Os brasileiros que tiveram acesso à internet nos anos 2000 sentem saudades do Orkut, enquanto viciados em ler notícias lamentam o fim do Google Wave até hoje.

Confira abaixo sete serviços e produtos do Google que foram descontinuados, que continuam vivos na memória de muitas pessoas.

1. Google Wave

Se o e-mail fosse reinventado, como ele seria? Esse foi o mote do Google Wave, lançado em maio de 2009. O serviço misturava conceitos do próprio e-mail com mensagens instantâneas e redes sociais na mesma plataforma.

Um dos principais diferenciais do Google Wave é que as interações ocorriam em tempo real, antes mesmo de enviar uma mensagem. Assim, o interlocutor conseguia acompanhar o que você digitava de forma instantânea.

Quando surgiu, o Google Wave não era aberto para o público geral e era necessário ter um convite para participar da plataforma. O sistema era pesado para os navegadores da época, a plataforma também era confusa e o Facebook ficava cada vez mais popular em todo o mundo.

O final você já sabe: o Google Wave foi extinto. Não durou muito tempo: o anúncio oficial do fim do desenvolvimento ocorreu em agosto de 2010, pouco mais de um ano após o lançamento.

2. Google+

Com o Orkut em declínio e o Facebook indo de vento em popa, o Google+ foi a nova tentativa da empresa de manter uma rede social. Os primeiros usuários tiveram acesso à plataforma em 2011.

Um dos diferenciais do Google+ frente ao Facebook era a possibilidade de dividir os seus amigos em círculos — um para amigos do trabalho, outro para família, por exemplo. Sendo assim, era possível compartilhar conteúdos apenas com o público-alvo desejado.

Além disso, a rede social não exigia convites de amizade como no Facebook e era possível circular sem ser circulado — quase como o conceito de seguidores do Instagram, X (Twitter) e outras plataformas.

Em 2019, o Google decidiu acabar com o Google+. Além de ter baixo engajamento de usuários, a plataforma teve uma falha de segurança que expôs dados de cerca de 500 mil pessoas para aplicativos de terceiros.

3. Google Reader

Até doi escrever sobre o Google Reader. O serviço funcionava como um leitor de RSS, e permitia aos usuários se inscrever em diversas fontes de notícias e acompanhar tudo no mesmo lugar. O Google matou o produto em julho de 2013.

O Google Reader chegou a ter funções de rede social, com a possibilidade de compartilhar conteúdo com amigos e acompanhar o que eles também compartilhavam. Essa função foi descontinuada com a chegada do Google+ em 2011, para a tristeza de muitos usuários da época.

O Reader também tinha uma busca poderosa, permitindo que o usuário fizesse pesquisas nas notícias que já tinha lido. No entanto, esse é o tipo de serviço que não conseguiu atrair o público geral, que começou a acompanhar notícias diretamente no Facebook, Twitter e outras redes sociais.

4. Google Glass

Em 2012, o Google anunciou um óculos. Mas não um óculos qualquer: ele tinha uma câmera e se conectava ao seu smartphone e tinha uma pequena tela o canto superior direito, trazendo uma experiência de realidade aumentada.

O Google Glass era capaz de gravar vídeos, tirar fotos, auxiliar em direções com navegação GPS, buscar no Google e fazer chamadas de vídeo. Tudo feito via comandos de voz ou por toques na haste lateral do óculos. Temos até um review sobre o produto publicado aqui no Tecnoblog.

O Glass foi um produto do Google que nunca teve um grande lançamento, e era necessário ser convidado pela empresa para poder adquirir o gadget. O hype não foi suficiente para justificar os US$ 1,5 mil, e as vendas foram encerradas em 2015.

5. Inbox

Em 2014, o Google anunciou o Inbox. Tratava-se de um aplicativo alternativo para utilizar o Gmail, mas com alguns recursos que não existiam na versão principal.

Com uma interface mais limpa e amigável, o Inbox era capaz de agrupar e separar e-mails por categorias de forma automática, incluindo compras e newsletters. O aplicativo também trazia informações importantes logo de cara, sem necessidade de abrir a mensagem.

Na prática, o Inbox foi uma espécie de laboratório para o Google testar novos recursos, uma vez que essas funções acabaram embarcadas no aplicativo principal do Gmail. Em 2019, o Inbox foi oficialmente descontinuado.

6. Múltiplos serviços de comunicação

O Google criou e matou diversos serviços de comunicação. O Google Talk era baseado no protocolo XMPP, funcionava dentro do Gmail (e também do Orkut!) mas foi descontinuado em 2013. Os usuários foram migrados para o Hangouts.

O Hangouts surgiu dentro do Google+ e sobreviveu após o término da rede social. No entanto, foi descontinuado em 2022 em conjunto com o Google Duo, aplicativo de videochamadas que tentou concorrer com o FaceTime e WhatsApp.

Os usuários do Hangouts foram migrados para o Google Chat, que existe até hoje. A parte de videochamadas do Hangouts foi derivada para a plataforma de reuniões Google Meet.

Além dos serviços acima, o Google também teve outras tentativas com serviços de chat. O Google Allo foi lançado em 2016, mas descontinuado em 2019 após não conseguir base de usuários significativa para concorrer com WhatsApp, Facebook Messenger e outros aplicativos. A empresa também tentou manter o YouTube Messages, que durou apenas dois anos e foi descontinuado em 2019.

Além do Google Chat, a empresa também aposta na tecnologia RCS, que se integra ao aplicativo nativo de mensagens dos smartphones. O Google mantém o Jibe, plataforma que pode ser implementada diretamente pelas operadoras de celular com base nos padrões universais da GSMA.

7. Orkut

A internet ganhou tração no Brasil a partir dos anos 2000, e o Orkut era um dos endereços mais procurados dessa época. Trata-se da primeira rede social — que costumávamos chamar de “site de relacionamento” antes da existência desse termo — que conquistou o coração dos brasileiros.

Lançado em 2004 e inicialmente restrito para convidados, o Orkut foi praticamente tomado pelos brasileiros e alcançou mais de 30 milhões de usuários. Era possível compartilhar fotos, escrever recados, deixar depoimentos… Tudo isso sem nenhuma linha do tempo: era necessário fuçar perfis individualmente para conseguir se atualizar das novidades.

E as comunidades? Os espaços funcionavam como fóruns, podendo gerar conversas e trocar informações. Mas não apenas isso, elas também serviam como uma chancela para os usuários que se identificam com algum assunto. “Eu odeio acordar cedo”, com uma imagem do Garfield, era a comunidade com o maior número de membros. “Discografias” foi um local onde muitas pessoas encontravam músicas para rechear seus aparelhos de MP3.

Mesmo com várias atualizações com novos recursos, os brasileiros acabaram deixando de lado o Orkut em prol do Facebook, que já tinha uma linha do tempo e era mais fácil de acompanhar as novidades dos amigos.

O fim do Orkut ocorreu em setembro de 2014, dez anos após o lançamento. Em 2022, o criador da rede social prometeu um retorno, mas nada foi anunciado desde então. Mas será mesmo que a gente quer o Orkut de volta?

Mais produtos abandonados pelo Google

Se você viu toda essa lista de produtos e achou que o Google já matou muita coisa, saiba que está completamente enganado. Na prática, a empresa de Mountain View já descontinuou quase 300 serviços.

O site Killed by Google cataloga tudo que a empresa descontinuou. Alguns serviços foram migrados, enquanto outros realmente deixaram de existir.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.