Starlink solicita licença para utilizar 7,5 mil novos satélites no Brasil

Companhia já tem direito de exploração de 4,4 mil satélites no Brasil; Anatel promove consulta pública para saber averiguar possíveis interferências em outros serviços

Lucas Braga
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• Atualizado há 3 dias
Antena Starlink Mini ao lado de um cachorro pequeno
Starlink Mini tem tamanho próximo ao de um laptop (Imagem: Divulgação / SpaceX)
Resumo
  • A Starlink solicitou à Anatel a licença para operar mais 7,5 mil satélites de baixa órbita no Brasil.
  • A licença atual prevê 4,4 mil satélites no Brasil até março de 2027.
  • Os novos satélites operam nas bandas Ka, Ku e E, com frequências específicas para subida e descida de dados.
  • Em maio, a Starlink se tornou a maior operadora de internet via satélite no Brasil, com 162 mil contratos.
  • A Amazon também planeja entrar no mercado brasileiro de internet via satélites, oferecendo velocidades de até 400 Mb/s até 2025.

A Starlink quer ampliar sua capacidade no Brasil. A operadora de internet do Elon Musk solicitou à Anatel o direito de exploração de mais 7,5 mil satélites de baixa órbita no país. Caso a agência dê o aval, a companhia irá mais do que dobrar a quantidade de artefatos licenciados.

Os 7,5 mil novos equipamentos correspondem à 2ª geração de satélites da Starlink. A companhia de internet, que pertence à SpaceX, já conseguiu aval para ampliação nos Estados Unidos com essa mesma quantidade — originalmente, a empresa havia solicitado licença para 29,9 mil satélites.

Para conceder a licença, a Anatel promove uma consulta pública, uma vez que os equipamentos da Starlink poderiam causar interferências em serviços de outras empresas e que o grande volume de artefatos poderia dificultar ou inviabilizar a implementação de novas redes.

Os novos satélites da Starlink operam nas bandas Ka, Ku e E, com os seguintes intervalos de frequência: 10,7 GHz a 12,7 GHz (descida), 14 GHz a 14,5 GHz (subida), 27,5 GHz a 28,6 GHz (descida), 28,8 GHz a 30 GHz (subida), 71 GHz a 76 GHz (descida) e 81 GHz a 86 GHz (subida).

Atualmente, a Starlink tem licença para operar com 4,4 mil satélites no Brasil nas bandas Ka e Ku. A companhia de Musk recebeu o direito de exploração da Anatel em janeiro de 2022, com validade até março de 2027.

Antena Starlink (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Starlink solicita licença para 7,5 mil satélites de segunda geração (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Na consulta pública, a Anatel também solicita comentários da sociedade sobre possíveis limites e condições para exploração de satélites para promover a competição por diferentes agentes econômicos, bem como medidas para fomentar a sustentabilidade espacial a longo prazo.

Cientistas apontam que constelações de satélite como a da Starlink podem ser prejudiciais à camada de ozônio. Um estudo realizado por pesquisadores da Califórnia alerta para os efeitos do descarte dos artefatos, que se direcionam para a atmosfera da Terra após o término da vida útil.

Em maio deste ano, a Starlink se tornou a líder em clientes de internet via satélite no Brasil. A companhia alcançou a marca de 162 mil contratos, com alta de 38 mil acessos em um único mês.

Starlink Marítima (imagem: divulgação/SpaceX)
Antena de satélite da Starlink (imagem: divulgação/SpaceX)

Em forte crescimento, o provedor de internet da SpaceX ultrapassou concorrentes como HughesNet e Viasat, que possuem 195,2 mil e 32,3 mil clientes, respectivamente. O sucesso da Starlink é compreensível, visto que é a única companhia que vende banda larga via satélite sem franquia de uso.

Os clientes da Starlink precisam desembolsar a mensalidade de R$ 184 mais impostos, que variam conforme o estado, mas o total fica em torno de R$ 250 mensais. Além disso, é necessário comprar o kit com antena e roteador, que custa R$ 2 mil — embora seja comum ter promoções com 50% de desconto nos equipamentos.

Ainda que seja o maior provedor de internet via satélite, a Starlink está longe de alcançar as demais tecnologias. Ao todo, o Brasil tem 49,7 milhões de acessos de banda larga, dos quais 75,5% utilizam tecnologia de fibra óptica. Os contratos via satélite de todas as companhias representam apenas 0,9% de todas as conexões.

De qualquer forma, o reinado da Starlink pode estar em risco, uma vez que a Amazon também deve se aventurar no mercado brasileiro de internet via satélites de baixa órbita. A concorrente firmou uma parceria comercial com a Sky, e planeja oferecer banda larga com velocidades de 400 Mb/s até o final de 2025.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.