Review Motorola Moto G200 5G: quando potência é o que mais importa
Com processador Snapdragon 888 Plus e 8 GB de RAM, Moto G200 5G esbanja potência, mas merecia uma tela mais caprichada
Com processador Snapdragon 888 Plus e 8 GB de RAM, Moto G200 5G esbanja potência, mas merecia uma tela mais caprichada
Se antes a linha Moto G era focada em custo-benefício, hoje, visa atender a uma grande variedade de consumidores, inclusive aqueles que buscam um celular de alto desempenho. É para esse público que, em dezembro de 2021, a Motorola anunciou o Moto G200 5G, modelo que tem o chip Snapdragon 888 Plus como grande atrativo.
O aparelho também atrai os olhares por trazer uma gigantesca tela de 6,8 polegadas com taxa de atualização de 144 Hz, além de três câmeras na traseira, a principal com sensor de 108 megapixels.
Mas, em relação ao Moto G100, o modelo antecessor, o Moto G200 perde memória RAM e traz uma câmera frontal, não duas. Mesmo com esses passos para trás, será que o novo smartphone da Motorola vale a pena? Eu, Emerson Alecrim, conto tudo sobre ele nos próximos minutos.
O Tecnoblog é um veículo jornalístico independente que ajuda as pessoas a tomarem sua próxima decisão de compra desde 2005. Nossas análises não têm intenção publicitária, por isso ressaltam os pontos positivos e negativos de cada produto. Nenhuma empresa pagou, revisou ou teve acesso antecipado a este conteúdo.
O Moto G200 5G foi fornecido pela Motorola por empréstimo e será devolvido à empresa após os testes. Para mais informações, acesse tecnoblog.net/etica.
Como eu gosto de celulares com aparência sóbria, mas também aprecio um pouco de ousadia, o visual do Moto G200 me agradou logo de cara por reunir essas duas características. A unidade testada pelo Tecnoblog tem traseira em um tom de azul discreto, mas que chama atenção pelo efeito de brilho que muda de acordo com a posição da luz.
Mas não se deixe enganar: a traseira não é feita de metal ou vidro, mas de um plástico com acabamento fosco acetinado. O efeito estético é atraente, por outro lado, o material não é dos mais resistentes. Pelo menos a embalagem do produto inclui uma capinha de silicone.
Ainda na traseira, repare que o módulo de câmeras foi posicionado sobre uma espécie de “lombada”. É uma proposta válida para quem já está cansado do estilo “cooktop”.
Repare também que, mais abaixo, nos deparamos com o logotipo da Motorola. Normalmente, encontramos o leitor de impressões digitais ali, mas não é o caso: no Moto G200, o componente foi integrado ao botão de liga / desliga, na lateral direita. Sim, esse botão é fininho. Apesar disso, a leitura de digitais funciona bem.
A lateral oposta abriga um botão para o Google Assistente que, sinceramente, eu não acho muito útil, enquanto a parte inferior dá espaço para a porta USB-C e a gaveta de chips.
Neste ponto, vale destacar que Moto G200 permite o uso de dois SIM cards, mas não suporta cartão microSD. Isso não deve ser um grande problema, afinal, o modelo tem 256 GB de armazenamento.
Por ali também encontramos a saída de áudio. Ela faz o seu trabalho: o som é claro e o volume máximo até que é alto. Mas o áudio pode ficar um tanto estridente quando está no limite. A pior parte é que não há som estéreo aqui: ao contrário da maioria dos smartphones high-end, o Moto G200 usa uma, e não duas saídas de áudio.
O Moto G200 tem uma tela imensa: são 6,8 polegadas em um painel com resolução de 2460×1080 pixels e suporte a HDR10. Se você gosta de visores generosos para assistir a filmes ou jogar, por exemplo, vai se dar bem com o aparelho.
Esse aspecto ganha força se levarmos em conta que a taxa de atualização da tela pode ser ajustada para 144 Hz. Essa configuração tende a fazer o aparelho gastar mais energia, por outro lado, deixa navegação e conteúdo movimentado mais fluídos.
Mas nem tudo é perfeito. Embora o componente exiba cores vívidas e tenha boa visualização sob ângulos variados, estamos falando de um painel IPS LCD. Para um celular da categoria do Moto G200, é provável que um visor OLED proporcionaria uma experiência de uso melhor.
Para completar, eu senti falta de um nível de brilho mais forte aqui. Enquanto eu testava a câmera, em um dia ensolarado, tive alguma dificuldade para enxergar o conteúdo da tela por causa dessa limitação.
O Moto G200 sai de fábrica com o Android 11 e a interface My UX, que não promove grandes mudanças visuais, mas, em compensação, traz uma série de recursos interessantes e que já são bem conhecidos por nós.
Entre eles estão os gestos que ativam a lanterna ou a câmera, por exemplo, e o Ready For, que permite que você conecte o smartphone a uma TV ou monitor.
Há anos que a Motorola trabalha bem no software: mesmo nos celulares mais modestos da marca, a interface é estável, limpa e vem com recursos únicos.
Mas a política de atualização de software continua sendo uma limitação importante: o Moto G200 tem apenas uma atualização de versão garantida, para o Android 12, além de updates de segurança por dois anos.
Enquanto o Moto G100 ostenta duas câmeras na frente, o Moto G200 segue o padrão, ou seja, traz apenas uma. Mas eu não diria que isso é ruim: o módulo frontal, com sensor de 16 megapixels, consegue gerar fotos com boa nitidez e baixo nível de ruído, inclusive em ambientes com luz reduzida.
O modo retrato também está lá e convence, apesar de não ser perfeito no recorte e, curiosamente, deixar a foto em um tom mais mais quente.
Sem surpresa, as câmeras traseiras chamam mais a atenção. A principal tem sensor de 108 megapixels (contra os 64 megapixels encontrados no Moto G100) e é capaz de gravar vídeos em 8K e 24 fps ou em 4K com até 60 fps.
Com ela, o nível de detalhamento das fotos é bastante satisfatório, bem com a saturação de cores, o alcance dinâmico e o controle de ruído, mas não espere nenhum resultado impressionante. Dá para dizer o mesmo das gravações em 4K.
A segunda câmera traseira tem 13 megapixels e serve tanto para grande angular quanto para macro. Na primeira modalidade, as imagens tendem a ficar discretamente mais quentes em relação às fotos feitas com a câmera principal, mas o nível de detalhamento e o controle de ruído continuam aceitáveis.
As fotos em macro também têm boa definição. Elas podem não ser incríveis, mas estão bem à frente das fotos em macro de celulares que têm sensor de 5 megapixels ou menos.
Nas cenas noturnas, o Moto G200 consegue fazer um bom trabalho, desde que você ative o Night Vision, modo que aumenta o tempo de exposição da câmera. A definição cai um pouco nessas circunstâncias por conta da eliminação de ruído, mesmo assim, o resultado convence.
Sobre a terceira câmera, trata-se de um sensor de 2 megapixels que está lá apenas para ajudar a principal a fazer fotos com fundo desfocado.
Se eu tivesse que apontar um único motivo para o Moto G200 ser comprado, diria que é o fator desempenho. O smartphone é equipado com o Snapdragon 888 Plus, uma versão “turbinada” do Snapdragon 888 apresentado em dezembro de 2020, chip que, por si só, já é bastante poderoso.
É verdade que o Moto G200 perde memória em relação ao seu antecessor: são 8 GB de RAM contra 12 GB no Moto G100. Felizmente, esse detalhe parece interferir pouco ou nada no desempenho.
O Moto G200 deu conta de todas as tarefas testadas sem pestanejar. Abrir aplicativos ou alternar entre eles são tarefas rápidas, inclusive entre os mais pesados. Jogos como Breakneck e Asphalt 9: Legends rodaram com fluidez e estabilidade, mesmo com gráficos no nível máximo.
Com 5.000 mAh, a bateria também faz bonito. Eu testei o componente mantendo a tela o tempo todo em 144 Hz e com brilho máximo. Com essa configuração, rodei duas horas de vídeo na Netflix, uma hora de YouTube, quase uma hora de redes sociais e Chrome, cerca de 20 minutos de Asphalt 9: Legends e finalizei com uma chamada de dez minutos.
Essas tarefas foram executadas no decorrer de um dia e começaram com a carga em 100%. Por volta das 22:00, o aparelho ainda tinha 46% de carga, um nível muito interessante.
Não termina aí: o Moto G200 vem com um carregador TurboPower de 33 W. Com ele, uma recarga de 15% para 100% foi feita em apenas uma hora.
O Moto G200 é um excelente smartphone para quem prioriza autonomia de bateria e, principalmente, desempenho. Graças ao Snapdragon 888 Plus, tudo flui tão bem aqui que, quando você pega um celular com especificações inferiores, nota a diferença na hora.
Mas o modelo tem preço oficial de R$ 4.999. Por esse valor, eu esperaria que ele tivesse acabamento mais robusto — talvez com certificação IP68 — ou, pelo menos, tela OLED. Não que o painel LCD do Moto G200 seja ruim, mas, definitivamente, ele não é um de seus pontos fortes.
A pior parte é que esse preço faz o Moto G200 disputar espaço dentro da sua própria casa: o Motorola Edge 20 Pro foi lançado com o mesmo preço e, apesar de ter bateria e processador ligeiramente inferiores, leva vantagem por oferecer tela OLED e uma experiência melhor com as câmeras, sem contar que ele já pode ser encontrado por menos de R$ 3.500.
O Edge 20 Pro tem outra vantagem: atualização garantida para duas versões do Android; o Moto G200 tem apenas uma, para o Android 12, como você já sabe. Para um smartphone com esse hardware, é pouco.
Diante dessas circunstâncias, o Moto G200 vai valer a pena somente quando o preço baixar. Baixar bem! E, para quem tem um Moto G100, fique com ele. As mudanças de uma geração para a outra não compensam a troca.