Facebook quer analisar WhatsApp para anúncios sem quebrar criptografia
Pesquisadores do Facebook tentarão descobrir como usar mensagens criptografadas do WhatsApp para direcionar anúncios sem quebrar criptografia
Pesquisadores do Facebook tentarão descobrir como usar mensagens criptografadas do WhatsApp para direcionar anúncios sem quebrar criptografia
Não é segredo para ninguém que o grande negócio do Facebook é mostrar propaganda com base no perfil dos usuários. A empresa, porém, estaria disposta a dar um passo adiante e usar informações criptografadas para direcionar anúncios — e isso inclui até as mensagens do WhatsApp.
As informações são de uma nova reportagem do site The Information. A publicação confirmou que o Facebook está montando uma equipe de especialistas para desenvolver modos de analisar mensagens criptografadas sem precisar quebrar a criptografia. Vários anúncios de emprego relacionados a esse projeto já foram divulgados pela rede social em seu site. A empresa diz que quer preservar a privacidade ao mesmo tempo que melhora as tecnologias de seus sistemas de propaganda.
A criptografia de ponta a ponta é um dos principais recursos do WhatsApp, e o aplicativo adora falar disso. Ela garante que o conteúdo enviado só poderá ser visualizado pelo receptor das mensagens – nem mesmo a empresa consegue saber o que foi dito ou enviado.
Para permitir o processamento dos dados das mensagens criptografadas sem precisar quebrar a criptografia, o Facebook pode usar uma técnica chamada criptografia homomórfica. Essa técnica permite que os dados sejam manipulados e processados sem que seja necessário revelar o conteúdo. O resultado do processamento desses dados é idêntico ao que seria obtido com os dados sem criptografia.
O cientista da computação Craig Gentry, um dos maiores especialistas no assunto, compara a tecnologia a uma caixa com luvas: é possível colocar as mãos nas luvas e manipular o que está dentro da caixa, mas não é possível extrair o conteúdo. Tudo que foi manipulado permanece lá, e só quem tem a chave pode abrir e remover o que está dentro.
Entre outros usos possíveis para essa técnica está a manipulação de dados médicos ou financeiros para análises preditivas, em que as identidades das pessoas e as informações delas são extremamente sensíveis e precisam ficar protegidas.
A notícia de que o Facebook quer usar dados do mensageiro para melhorar o direcionamento de propaganda vem apenas alguns meses depois de críticas por causa de sua nova política de privacidade. Pelo novo texto, dados de conversas com empresas que usam o WhatsApp Business poderiam ser compartilhados com essas companhias para fins de marketing. Após ameaçar bloquear quem não aceitasse os novos termos, o WhatsApp recuou.
Apesar da gritaria, já faz tempo que o WhatsApp compartilha coisas sobre você com o Facebook: desde 2016, dados como recursos usados (grupos, ligações ou mensagens), informações sobre o aparelho (como sistema operacional, nível de bateria e força do sinal) e hora da última conexão com o app são coletados e usados para sugerir amigos, grupos, conteúdo, ofertas e anúncios nas propriedades da empresa.
Parece que isso vai um pouco além do que pretendiam os criadores do mensageiro. O aplicativo foi vendido em 2014; em 2017, Brian Acton deixou a empresa, e em 2018, foi a vez de Jan Koum, que não aceitou as mudanças relacionadas à privacidade dos usuários.
Uma das principais bandeiras do app, aliás, era a promessa de nunca ter anúncios. O mensageiro continua sem propagandas na interface principal, mas deve começar a exibi-las nos Status, sua versão dos Stories.
Acton já deixou claro seu descontentamento com o Facebook e recomendou que usuários deletassem os apps da gigante das mídias sociais após o escândalo da Cambridge Analytica. Hoje, ele é presidente executivo da Signal Foundation, responsável por manter o Signal, um dos principais concorrentes do WhatsApp para quem procura mais privacidade.
Com informações: MacRumors e Android Authority
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