5 fatos sobre telecom em 2020: 5G, IPTV, venda da Oi Móvel e mais
Retrospectiva de 2020 nas telecomunicações: pandemia, 5G e redes neutras foram assuntos recorrentes
Retrospectiva de 2020 nas telecomunicações: pandemia, 5G e redes neutras foram assuntos recorrentes
Parece que demorou uns cinco anos, mas finalmente 2020 está prestes a terminar. A internet já era muito importante na vida de (quase) todo mundo, mas a pandemia de COVID-19 acabou mudando os rumos de diferentes setores que precisaram se digitalizar de forma nunca antes vista. Houve alta na busca por entretenimento durante o período de isolamento, o leilão do 5G ficou de lado e Oi Móvel foi vendida. Dá para dizer que esse foi um ano intenso para as telecomunicações.
Era janeiro e a gente começava a ouvir burburinhos sobre um tal de coronavírus lá na China. Nós brasileiros seguimos nossa vida normal, pulamos Carnaval enquanto a Europa já começava a fechar e, bem, não demorou muito e terminamos o mês de março com isolamento social no Brasil.
As pessoas ficaram em casa, mas continuaram trabalhando por causa da internet. Nessa época, as operadoras de telefonia fizeram esforços para deixar a vida do cliente mais amena, incluindo flexibilização do pagamento da fatura, bônus extra na internet 4G, liberação de canais na TV por assinatura e até mesmo aumento de velocidade na banda larga.
2020 colocou a capacidade das operadoras à prova. O próprio governo reconheceu que internet é tido como serviço essencial. Para suportar melhor o uso simultâneo, serviços como Netflix e YouTube reduziram a qualidade dos vídeos para melhorar o tráfego na Europa e deixar a conexão com melhor funcionamento para quem precisava trabalhar em casa.
Mesmo assim o serviço não foi adequado para todos: a Anatel registrou alta de 31,8% nas queixas sobre internet fixa no comparativo anual – aqui vale um destaque para a Claro, que teve o dobro de reclamações com a banda larga NET Virtua. O assunto mais comentado era lentidão ou velocidade reduzida.
Ficamos ainda mais dependentes de conexões de banda larga. Sendo assim, espero que as operadoras esqueçam de vez aquela história de franquia de uso.
As pessoas passaram a usar ainda mais a banda larga para entretenimento, e IPTV foi um assunto bastante comentado em 2020. Nesse ano, Anatel, Receita Federal e outras organizações de direitos autorais fecharam o cerco contra a pirataria.
Um marco importante foi a Operação 404, que desligou mais de 300 serviços de IPTV ilegal que atendiam 26 milhões de pessoas. Aparelhos TV Box não-homologados também foram alvos de destruição e apreensão.
Mas nem só de pirataria vive o IPTV, até porque se trata de uma tecnologia que também é utilizada por serviços legítimos. O entendimento da Anatel de que canais lineares pela internet não se enquadram na legislação da TV por assinatura tradicional permitiu a chegada de serviços como o Claro Box TV e DirecTV Go.
Os pequenos provedores foram fundamentais para a expansão da banda larga no Brasil: de janeiro até outubro de 2020, as prestadoras de pequeno porte adicionaram pelo menos 2,2 milhões de clientes e atingiram a marca de 12 milhões de contratos, sendo que mais de 70% são conectados via fibra óptica.
Isso significa que, juntos, os provedores locais conseguem ser maiores que qualquer grande operadora. Eles atendem uma demanda reprimida, onde o serviço das empresas tradicionais não chegam ou utilizam tecnologias ultrapassadas, como ADSL.
Com abrangência nacional, é difícil para Claro, Oi, TIM e Vivo acompanharem os investimentos de diversos provedores. Para não perder (ainda mais) relevância no mercado, algumas operadoras apostam na expansão de fibra óptica com modelo de redes neutras, que permite múltiplas prestadoras compartilhando a infraestrutura.
A protagonista no assunto é a Oi, que adotou modelo de separação estrutural e criou a InfraCo, avaliada em R$ 20 bilhões. A tele irá vender 51% dessa nova empresa, e as parcerias devem trazer mais fôlego para continuar expandindo a Oi Fibra. TIM e Vivo também simpatizaram com o modelo e devem anunciar os novos sócios durante 2021.
O leilão de frequências para o 5G era previsto para acontecer nesse ano, mas como disse anteriormente, teve uma pandemia no meio do caminho que acabou atrasando todo o processo.
A gente ainda não sabe exatamente quando o arremate vai acontecer: o ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirmou que o evento ocorrerá ainda no 1º semestre de 2021; por outro lado, um conselheiro da Anatel mantém a expectativa para o 2º semestre por conta de burocracias regulamentares. Além do atraso, as operadoras temem uma possível restrição aos equipamentos da Huawei, o que tornaria a construção da nova rede muito mais cara e demorada.
Mesmo assim, os atrasos do leilão não impediram o uso do 5G pelas operadoras no Brasil, mesmo que em fase experimental. Graças à tecnologia DSS, que permite compartilhamento dinâmico de espectro, Claro, TIM e Vivo ativaram a rede de quinta geração em alguns municípios brasileiros usando as licenças de 2G, 3G ou 4G. A Oi foi mais ousada e dedicou uma parte da frequência para o 5G, que está disponível em Brasília.
Os primeiros resultados do 5G DSS não animam: na prática, a cobertura é muito restrita e a velocidade é parecida ou até pior que a do 4,5G. A Claro faz muita publicidade sobre a nova rede, enquanto Oi, TIM e Vivo são mais comedidas e quase não divulgam a tecnologia.
Para encerrar o ano, a Oi Móvel foi vendida para as concorrentes Claro, TIM e Vivo. O mercado já especulava há alguns anos sobre a concentração de mercado, que finalmente aconteceu.
O trio de operadoras pagou R$ 16,5 bilhões pela Oi Móvel, e a principal compradora é a TIM, que irá despender R$ 7,3 bilhões por 14,5 milhões de clientes e 49 MHz de espectro. A Vivo ficará com 10,5 milhões de usuários e 43 MHz de capacidade, enquanto a Claro absorverá 11,7 milhões de linhas e nenhuma licença de radiofrequência.
O negócio ainda precisa de aprovações da Anatel e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), e a expectativa é que os trâmites se encerrem no final de 2021. Se tudo der certo, a Oi deve colocar em prática o plano estratégico com foco em fibra óptica e encerrar o processo de recuperação judicial, às custas de diminuir a concorrência de telefonia móvel no Brasil.
2021 será um ano decisivo para as telecomunicações: além do leilão do 5G, espera-se um desfecho sobre a possibilidade de banir ou não equipamentos da Huawei no Brasil. Com a mudança na presidência dos Estados Unidos, é possível que o projeto Rede Limpa não vá para frente e a fornecedora chinesa teria caminho aberto para negociar em mais locais.
O próximo ano também deve trazer novidades de internet por fibra óptica: TIM, Oi e Vivo devem colocar em prática a construção de suas redes neutras que, com parceiros, devem expandir a banda larga em diversas regiões do Brasil. Por outro lado, os pequenos provedores continuam fortes e terão papel importante para conectar locais onde o acesso é precário.
Por fim, espero que o IPTV legítimo decole ainda mais: já tivemos amostras da Claro e DirecTV por aqui, mas nada impede que novos serviços de TV pela internet surjam para atender a demanda de entretenimento por um custo mais baixo que a TV por assinatura tradicional.
E você, o que espera sobre as telecomunicações pro ano que vem? Conta pra gente na Comunidade do Tecnoblog!