Celular Seguro: Apple, Google e Samsung ficam de fora do projeto

Principais sistemas têm ferramentas próprias para rastrear e travar smartphones. Nubank diz que irá aderir à iniciativa do governo.

Thássius Veloso
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Ilustração de um celular e um cadeado. Abaixo dele estão as marcas riscadas de Apple, Google e Samsung.
Projeto Celular Seguro não conta com Apple, Google e Samsung (Ilustração: Vitor Pádua/Tecnoblog)

O projeto Celular Seguro foi oficializado hoje com a promessa de dificultar a ação dos bandidos que roubam smartphones. No entanto, Apple, Google e Samsung não participam diretamente da iniciativa. Com isso, será difícil transformar os aparelhos roubados “num pedaço de metal inútil”, conforme disse o secretário executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Capelli.

As empresas estão por trás das plataformas de smartphone mais usadas no país. Ao ficarem de fora do projeto, isso significa que o “alerta” previsto no Celular Seguro não impacta os sistemas dos aparelhos roubados, o que pode reduzir a eficácia da ação governamental.

A proposta do Celular Seguro

A proposta do Celular Seguro é realizar uma comunicação mais rápida do consumidor com bancos, instituições financeiras e empresas de telefonia. Hoje em dia, diante de um infeliz episódio de roubo, o cliente (fragilizado pelo assalto) ainda precisa peregrinar para acionar cada empresa (destes setores) com as quais tem relacionamento.

A plataforma permite vincular o aparelho de telefone à conta da pessoa, por meio de login no Gov.br. A comunicação com os parceiros se dá por meio de um app ou site, e ainda permite que pessoas de confiança façam a comunicação. Em tese, os bancos irão cortar o acesso remoto aos aplicativos. Já as operadoras irão incluir o IMEI na lista de aparelhos bloqueados, o que impede o acesso às redes de telefonia (mas não ao Wi-Fi).

Print do site do Celular Seguro; nele há os botões de "pessoas de confiança", "registrar telefone" e "registrar ocorrência"
Site do Celular Seguro tem cadastro de aparelhos e comunicação de ocorrências (Imagem: Reprodução/Tecnoblog)

A ausência de Apple, Google e Samsung

As três gigantes são as responsáveis pelo iOS, pelo Android e pela One UI (interface integrada ao Android), respectivamente. Cada qual tem suas próprias ferramentas para rastrear e travar smartphones roubados.

Em geral, é necessário se autenticar com Apple ID, Conta Google ou Conta Samsung nos respectivos sites para comunicar o problema com o telefone. A partir daí, cada empresa tem mecanismos próprios para tentar bloquear o dispositivo em si (sem levar em consideração a linha de telefone nem as contas bancárias rodando dentro dele).

O Google aparece num pôster divulgado pelo Ministério da Justiça. A empresa explicou ao Tecnoblog que apóia a iniciativa e está colaborando com as autoridades para “desenvolver soluções que ajudem nossos usuários a estar cada vez mais seguros na internet”. No entanto, o Android não será comunicado caso o consumidor acione o botão de ocorrência. Ele ainda precisa usar a ferramenta nativa.

O mesmo vale para a Samsung, que vende smartphones com sistema Android e oferece mecanismos proprietários de segurança, por meio da marca SmartThings.

Além disso, a fabricante lançou no Brasil o serviço Cadeado Galaxy, que tem a promessa de bloquear totalmente o smartphone depois que o cliente faz o aviso por meio da internet ou de SAC telefônico. Sua assinatura custa R$ 39,99 por um ano ou R$ 59,99 por dois anos. A fabricante também dá isenção para diversos aparelhos, dentre eles os recentes Galaxy S23 e Galaxy Z Flip 5.

Nós tentamos contato com a Samsung, mas a empresa não explicou se tem planos de participar do Celular Seguro.

O mesmo vale para a Apple, responsável pelo sistema iOS, visto nos iPhones. A empresa oferece o aplicativo Buscar e seu sistema de rastreio tem a capacidade de encontrar telefones mesmo sem internet (por meio de outros iPhones nas proximidades).

A companhia da maçã não consta do material de divulgação do Ministério da Justiça. Ela também não deu explicações quando procurada pelo Tecnoblog.

Nubank também fica de fora

Slide com o nome "Celular Seguro" ao lado de marcas de diversas empresas
Projeto Celular Seguro divulga empresas parceiras (Imagem: Divulgação/Ministério da Justiça)

Empresas participantes da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) estiveram na solenidade de lançamento do Celular Seguro, realizada em Brasília nesta terça-feira (19). Dentre eles estão Banco do Brasil, Bradesco, BTG Pactual, Caixa, Inter, Itaú, Santander e XP.

Note que o Nubank não faz parte da iniciativa. Vários clientes do banco digital foram às redes sociais para perguntar o motivo da ausência. Na resposta que nos mandou, o Nubank disse que vai aderir à iniciativa. A empresa faz parte da associação Zetta, que congrega outros bancos digitais, fintechs e empresas de tecnologia.

O Nubank também nos explicou que oferece ferramentas de segurança, como a plataforma Me Roubaram e o Modo Rua.

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Thássius Veloso

Thássius Veloso

Editor

Thássius Veloso é jornalista especializado em tecnologia e editor do Tecnoblog. Desde 2008, participa das principais feiras de eletrônicos, TI e inovação. Também atua como comentarista da GloboNews, palestrante, mediador e apresentador de eventos. Tem passagem pela CBN e pelo TechTudo. Já apareceu no Jornal Nacional, da TV Globo, e publicou artigos na Galileu e no jornal O Globo. Ganhou o Prêmio Especialistas em duas ocasiões e foi indicado diversas vezes ao Prêmio Comunique-se.

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