Celular Seguro: Apple, Google e Samsung ficam de fora do projeto
Principais sistemas têm ferramentas próprias para rastrear e travar smartphones. Nubank diz que irá aderir à iniciativa do governo.
Principais sistemas têm ferramentas próprias para rastrear e travar smartphones. Nubank diz que irá aderir à iniciativa do governo.
O projeto Celular Seguro foi oficializado hoje com a promessa de dificultar a ação dos bandidos que roubam smartphones. No entanto, Apple, Google e Samsung não participam diretamente da iniciativa. Com isso, será difícil transformar os aparelhos roubados “num pedaço de metal inútil”, conforme disse o secretário executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Capelli.
As empresas estão por trás das plataformas de smartphone mais usadas no país. Ao ficarem de fora do projeto, isso significa que o “alerta” previsto no Celular Seguro não impacta os sistemas dos aparelhos roubados, o que pode reduzir a eficácia da ação governamental.
A proposta do Celular Seguro é realizar uma comunicação mais rápida do consumidor com bancos, instituições financeiras e empresas de telefonia. Hoje em dia, diante de um infeliz episódio de roubo, o cliente (fragilizado pelo assalto) ainda precisa peregrinar para acionar cada empresa (destes setores) com as quais tem relacionamento.
A plataforma permite vincular o aparelho de telefone à conta da pessoa, por meio de login no Gov.br. A comunicação com os parceiros se dá por meio de um app ou site, e ainda permite que pessoas de confiança façam a comunicação. Em tese, os bancos irão cortar o acesso remoto aos aplicativos. Já as operadoras irão incluir o IMEI na lista de aparelhos bloqueados, o que impede o acesso às redes de telefonia (mas não ao Wi-Fi).
As três gigantes são as responsáveis pelo iOS, pelo Android e pela One UI (interface integrada ao Android), respectivamente. Cada qual tem suas próprias ferramentas para rastrear e travar smartphones roubados.
Em geral, é necessário se autenticar com Apple ID, Conta Google ou Conta Samsung nos respectivos sites para comunicar o problema com o telefone. A partir daí, cada empresa tem mecanismos próprios para tentar bloquear o dispositivo em si (sem levar em consideração a linha de telefone nem as contas bancárias rodando dentro dele).
O Google aparece num pôster divulgado pelo Ministério da Justiça. A empresa explicou ao Tecnoblog que apóia a iniciativa e está colaborando com as autoridades para “desenvolver soluções que ajudem nossos usuários a estar cada vez mais seguros na internet”. No entanto, o Android não será comunicado caso o consumidor acione o botão de ocorrência. Ele ainda precisa usar a ferramenta nativa.
O mesmo vale para a Samsung, que vende smartphones com sistema Android e oferece mecanismos proprietários de segurança, por meio da marca SmartThings.
Além disso, a fabricante lançou no Brasil o serviço Cadeado Galaxy, que tem a promessa de bloquear totalmente o smartphone depois que o cliente faz o aviso por meio da internet ou de SAC telefônico. Sua assinatura custa R$ 39,99 por um ano ou R$ 59,99 por dois anos. A fabricante também dá isenção para diversos aparelhos, dentre eles os recentes Galaxy S23 e Galaxy Z Flip 5.
Nós tentamos contato com a Samsung, mas a empresa não explicou se tem planos de participar do Celular Seguro.
O mesmo vale para a Apple, responsável pelo sistema iOS, visto nos iPhones. A empresa oferece o aplicativo Buscar e seu sistema de rastreio tem a capacidade de encontrar telefones mesmo sem internet (por meio de outros iPhones nas proximidades).
A companhia da maçã não consta do material de divulgação do Ministério da Justiça. Ela também não deu explicações quando procurada pelo Tecnoblog.
Empresas participantes da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) estiveram na solenidade de lançamento do Celular Seguro, realizada em Brasília nesta terça-feira (19). Dentre eles estão Banco do Brasil, Bradesco, BTG Pactual, Caixa, Inter, Itaú, Santander e XP.
Note que o Nubank não faz parte da iniciativa. Vários clientes do banco digital foram às redes sociais para perguntar o motivo da ausência. Na resposta que nos mandou, o Nubank disse que vai aderir à iniciativa. A empresa faz parte da associação Zetta, que congrega outros bancos digitais, fintechs e empresas de tecnologia.
O Nubank também nos explicou que oferece ferramentas de segurança, como a plataforma Me Roubaram e o Modo Rua.
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