Como saber se a câmera do celular é boa? MP, abertura e mais números para escolher a melhor

Entenda especificações como abertura de lente, tamanho de sensor, resolução em megapixels e tipos de objetivas para escolher uma boa câmera de celular

Paulo Higa
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• Atualizado há 9 meses
Samsung Galaxy S22 Ultra (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Samsung Galaxy S22 Ultra (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Megapixels, zoom óptico e abertura de lente são números que influenciam diretamente a qualidade de uma câmera de celular. Mas é preciso saber interpretá-los: nem sempre maior é melhor. Entenda, a seguir, as principais especificações técnicas que te ajudarão a escolher o melhor smartphone pela qualidade da foto.

De quantos megapixels eu preciso?

Uma câmera de 10 megapixels é suficiente para a maioria das pessoas. Apesar de ser muito divulgada pelas fabricantes, essa especificação tem pouco impacto na qualidade da imagem e não é uma limitação tecnológica atualmente, já que mesmo celulares básicos podem trazer câmeras de 50 MP ou mais.

O megapixel define apenas a resolução de uma foto capturada pelo sensor, sendo que 1 milhão de pixels equivalem a 1 MP. O Instagram, por exemplo, exibe apenas fotos de até 1080×1350 pixels, ou seja, menos de 1,5 MP. Por isso, ainda que sua câmera tenha 10 MP, as fotos serão reduzidas no momento do compartilhamento.

Poucos megapixels são necessários para aplicações específicas. Uma foto de 12 MP com boa qualidade pode até ser impressa em um papel grande, de 36×24 cm. Já um vídeo em 4K necessita apenas de um sensor capaz de filmar em 3840×2160 pixels, ou seja, 8,3 MP.

Xiaomi 12T Pro estampa com orgulho sua resolução de 200 MP (Imagem: Divulgação/Xiaomi)
Xiaomi 12T Pro estampa com orgulho sua resolução de 200 MP (Imagem: Divulgação/Xiaomi)

Sensores de alta resolução, como 64, 108 ou 200 megapixels, podem capturar mais detalhes ou permitir impressões em tamanhos maiores. Além disso, certos aparelhos possuem a tecnologia pixel binning, que combina informações de múltiplos pixels adjacentes em um único pixel, melhorando a definição em condições de baixa luz.

No entanto, nível de ruído, nitidez da lente e sensibilidade à luz são fatores tão importantes quanto a resolução, e não são mensurados pela quantidade de MP. Portanto, o número de megapixels é só o começo. E talvez o menos importante na sua pesquisa.

Quanto maior o sensor de imagem, melhor?

Geralmente sim. O sensor de imagem é responsável por capturar a luz que vem da lente. Se a área do sensor de imagem é maior, ele pode teoricamente capturar mais luz, o que resulta em imagens mais detalhadas e melhora o desempenho da câmera em fotos noturnas e condições de baixa iluminação.

O tamanho do sensor é expresso em uma fração de polegadas na ficha técnica do aparelho, com números como 1/3, 1/2,3 ou 1/1,5. Note que estamos falando de frações de números menores que 1, logo, quanto menor o segundo número, maior será o tamanho.

Celulares mais simples costumam ter sensores com tamanhos próximos de 1/3 polegada, enquanto os mais caros podem chegar a 1/1,5, 1/1,3 ou até 1 polegada. Vale lembrar que os smartphones podem ter múltiplos sensores e nem todos eles servem para capturar uma foto, caso dos sensores de profundidade e do LiDAR.

Por que os celulares têm mais de uma câmera?

Um celular com três, quatro ou mais lentes tende a ser mais versátil que um celular com uma única lente. Isso porque as outras câmeras podem tirar fotos com um aspecto diferente (de objetos distantes ou muito próximos) ou melhorar o desempenho da câmera principal (por exemplo, medindo a profundidade para desfocar o fundo).

Câmeras do iPhone 14 Pro (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Câmeras do iPhone 14 Pro (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Os principais tipos de lentes e sensores de câmeras nos celulares são:

  • Lente ultrawide: tem campo de visão muito amplo e permite capturar imagens panorâmicas ou fotografar em espaços apertados onde é difícil se afastar da cena;
  • Lente macro: projetada para tirar fotos extremamente detalhadas de objetos muito próximos, como insetos, flores e gotas de água;
  • Lente teleobjetiva (ou telefoto): captura objetos distantes, oferecendo capacidade de zoom óptico sem perda significativa de qualidade;
  • Lente periscópio: usa um sistema de espelhos paralelos ao corpo do aparelho para refletir a luz para o sensor, permitindo maior zoom óptico que as teleobjetivas simples sem aumentar muito a espessura do celular;
  • Sensor de profundidade, ToF (Time-of-Flight) ou LiDAR: calcula a distância entre a câmera e diferentes objetos na cena, melhorando a precisão do efeito bokeh e a detecção de rostos em fotos no modo retrato;

Vale ressaltar que alguns smartphones podem combinar funções em uma mesma lente, como o Galaxy S23 Ultra, que utiliza uma lente telefoto para fazer fotos macro.

Qual a diferença entre zoom óptico e digital?

O zoom óptico usa as lentes da câmera para se aproximar de uma cena, enquanto o zoom digital é uma ampliação de imagem via software. A especificação a ser observada por quem pretende tirar fotos de objetos distantes é o zoom óptico.

No zoom óptico, o número que acompanha o “x” representa, em vezes, quanto a maior distância focal é maior que a da câmera principal do celular.

Tome como exemplo um celular cuja lente principal seja de 18 mm. Se a lente telefoto ou periscópica tiver uma distância focal de 54 mm, o zoom óptico é 3x. Isso significa que um objeto ficará três vezes “mais próximo” da câmera quando você tirar uma foto com o máximo de zoom óptico.

Já o zoom digital consiste em ampliar e recortar digitalmente uma imagem, da mesma forma que você faria no Photoshop ou outro editor. Ele é pouco interessante porque reduz a qualidade a foto. Além disso, qualquer foto pode ser ampliada infinitamente, logo, a capacidade de zoom digital não tem relevância na escolha da câmera.

O que é o zoom híbrido?

O zoom híbrido é uma combinação entre zoom óptico e zoom digital. Um zoom de 100x pode resultar de uma lente com zoom óptico de 10x mais um zoom digital de 10x.

Essa combinação permite atingir uma distância focal muito grande até para tirar fotos da lua, mas sem prejudicar tanto a imagem quanto um zoom digital puro de 100x.

Samsung Galaxy S20 Ultra, com Space Zoom de 100x (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Samsung Galaxy S20 Ultra, com Space Zoom de 100x (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

O que é abertura de lente? Entendendo o número f/

A abertura de lente influencia a quantidade de luz que chega ao sensor de imagem. Ela é expressa em um número f/ e resulta de um cálculo matemático com a distância focal da lente e o diâmetro do diafragma. Como se trata de uma fração, quanto menor o número após f/, maior é a abertura.

Celulares avançados têm lentes com aberturas maiores, como f/1,8, f/1,6 ou até f/1,4, que permitem capturar detalhes em ambientes pouco iluminados. Se a abertura fosse menor (f/2,4, por exemplo), o sensor compensaria a falta de luz aumentando o ISO ou reduzindo a velocidade do obturador, causando ruídos ou borrões na foto.

Motorola Edge 40 estampa abertura f/1,4 na lente principal (Imagem: Giovanni Santa Rosa/Tecnoblog)
Motorola Edge 40 estampa abertura f/1,4 na lente principal (Imagem: Giovanni Santa Rosa/Tecnoblog)

No entanto, quanto maior a abertura da lente, menor é a profundidade de campo. Isso significa que a lente consegue focar uma área menor da imagem, o que facilita desfoques de fundo, mas pode prejudicar a nitidez. Portanto, uma abertura maior geralmente é melhor, mas não garante a qualidade da câmera.

Qual a diferença entre estabilização de imagem digital, óptica e no sensor?

A estabilização digital ou eletrônica é feita por software, enquanto estabilização óptica e por deslocamento de sensor consistem em movimentar fisicamente os componentes da câmera para compensar a tremedeira natural das mãos, evitando borrões na imagem.

Nosso artigo mostra as diferenças entre os tipos de estabilização em câmeras de celular. A estabilização digital é boa para vídeos, sendo usada até em câmeras de ação, como a GoPro, em conjunto com algoritmos mais avançados. Já as estabilizações mecânicas (óptica e sensor-shift) são mais efetivas em fotos.

Estabilizações mecânicas têm custo mais elevado e não costumam estar em todas as câmeras do celular. Em geral, elas ficam apenas na câmera com zoom óptico, que geraria borrões mais pronunciados na imagem se não houvesse estabilização. Além disso, a estabilização no sensor ainda é rara em smartphones.

Para que serve o processador de imagem?

O processador de sinal de imagem (ISP) é responsável por interpretar os dados capturados pelo sensor e transformá-los em uma imagem digital. Não é o primeiro componente no qual você pensaria ao escolher uma câmera, mas vem ganhando importância nos celulares principalmente com o avanço da fotografia computacional.

iPhone 12 Pro Max usa Deep Fusion para melhorar qualidade das fotos (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
iPhone 12 Pro Max usa Deep Fusion para melhorar qualidade das fotos (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

Os ISPs modernos fazem mais do que apenas converter dados brutos em fotos. Eles também balanceiam as cores, reduzem o ruído, melhoram os detalhes e processam recursos como o modo noite e o modo retrato.

O Deep Fusion da Apple, por exemplo, processa até nove fotos com algoritmos de aprendizagem de máquina para otimizar a textura, os detalhes e o ruído em cada região da imagem. Já o Photonic Engine, lançado no iPhone 14, atua com o ISP em uma etapa anterior, com imagens não compactadas, ou seja, exige uma capacidade de processamento ainda maior.

Então não é melhor comprar uma câmera profissional em vez de um celular?

Não necessariamente. As câmeras profissionais, como a DSLR e a mirrorless, tendem a ter especificações melhores. Elas geralmente possuem sensores maiores, o que gera fotos superiores com baixa luz, e têm maior gama de lentes intercambiáveis disponíveis, inclusive com aberturas grandes ou alta capacidade de zoom óptico.

No entanto, os smartphones são mais portáteis e estão sempre à mão, o que pode ser uma grande vantagem se você quiser capturar um momento espontâneo. Além disso, a qualidade das câmeras de smartphones melhorou significativamente nos últimos anos, principalmente com o avanço da fotografia computacional e de ISPs mais poderosos.

Logo, a melhor câmera é aquela que se adequa às suas necessidades e está disponível quando você precisa dela. Para mais detalhes, veja nosso artigo sobre as diferenças entre smartphones e câmeras profissionais.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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