Venda da Oi Móvel, leilão do 5G e mais: 5 fatos que marcaram telecom em 2021
Tecnoblog faz retrospectiva de 2021 sobre telecomunicações; venda da Oi Móvel, leilão do 5G e franquia na internet banda larga são alguns dos temas mais importantes do ano
Tecnoblog faz retrospectiva de 2021 sobre telecomunicações; venda da Oi Móvel, leilão do 5G e franquia na internet banda larga são alguns dos temas mais importantes do ano
Parece que foi ontem, mas 2021 já está acabando. Muita coisa do setor de telecomunicações aconteceu nos últimos meses, com mudanças profundas no mercado e eventos que vão marcar o desenvolvimento tecnológico do Brasil. Confira abaixo cinco fatos sobre telecom e o que esperar do setor para os próximos anos.
Esse não foi exatamente um evento que aconteceu em 2021: a Oi Móvel foi vendida em dezembro de 2020. Claro, TIM e Vivo formaram um trio que foi o único que participou do leilão da operadora, e o negócio foi de R$ 16,5 bilhões.
Com o negócio realizado no fim de 2020, a maior parte da repercussão da venda da Oi Móvel só surgiu ao longo de 2021. Os trâmites legais para o fatiamento dos clientes, espectro e demais ativos ainda precisam ser aprovados pela Anatel e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Por enquanto, a equipe técnica da Anatel deu um parecer recomendando a aprovação do negócio, e concluíram que o fatiamento da Oi Móvel não traria impacto significativo para a concentração de mercado.
A área técnica do Cade também recomendou a aprovação da venda, embora tenham constatado que a compra da Oi Móvel pode causar aumento de preços ou diminuição da qualidade no serviço prestado por Claro, TIM e Vivo.
O parecer das áreas técnicas do Cade ou Anatel ainda não são suficientes para a liberação do negócio, que deve ser julgado pelo conselho diretor de cada órgão. O antitruste recomendou alguns remédios como o estabelecimento de ofertas públicas de compartilhamento, de forma a estimular a concorrência por parte de operadoras móveis virtuais (MVNOs).
Por se tratar de uma operadora nacional de grande porte, o julgamento da venda da Oi Móvel é feito com cautela pelo Cade. A superintendência-geral de competição do órgão solicitou um pedido de prorrogação para o veredito final, e o prazo termina em fevereiro de 2022.
Após diversas promessas e atrasos, o leilão do 5G finalmente aconteceu em novembro de 2021. A Anatel considera que foi um sucesso: gigantes como Claro, TIM e Vivo garantiram suas fatias de espectro e pequenos provedores devem movimentar a competição do setor de telecomunicações nos próximos anos.
O leilão do 5G foi marcado por diversas estreias, como a Winity II que arrematou a frequência de 700 MHz para uso em território nacional. A entrante deve atuar como uma rede neutra – que será importantíssima para as novas competidoras – e fornecer sinal em 4G para 36 mil km de rodovias federais.
Além disso, o leilão proporcionou novas operadoras regionais:
Dentre os compromissos estipulados, as operadoras deverão ativar o 5G em formato Standalone (quando a rede não depende do 4G pré-existente) em todas as capitais brasileiras até julho de 2022, mas com uma densidade de antenas baixa.
As exigências aumentam progressivamente, e até julho de 2029 todos os municípios com mais de 30 mil habitantes devem possuir pelo menos uma antena 5G para cada 15 mil habitantes.
Os últimos dados da Anatel mostram que o Brasil chegou na marca de 40 milhões de contratos de banda larga. Por trás desse avanço está a ampla oferta por parte de pequenos provedores de banda larga, e enquanto isso as grandes operadoras correm atrás do tempo perdido.
Algumas já possuem metas de cobertura definidas para o futuro: a Vivo quer que seu serviço de banda larga alcance 29 milhões de domicílios brasileiros (atualmente são 18,3 milhões), enquanto a Oi quer que a rede neutra da V.tal atinja 32 milhões de endereços até o final de 2025.
Na mira dos usuários mais exigentes, as operadoras estão lançando planos de banda larga com velocidade gigabit:
Além disso, diversos provedores regionais lançaram pacotes com velocidade gigabit, como uma operadora de Santa Catarina que iniciou as vendas de um plano de 6 Gb/s.
Legal, temos planos gigabit na banda larga! Mas de que adianta ter tanta velocidade se as operadoras impõem limites de uso?
Uma reportagem exclusiva do Tecnoblog desvendou que a Claro começou a reduzir a velocidade de usuários da operadora que ultrapassavam a marca dos 4 terabytes trafegados. Quem tinha um plano de 250 Mb/s, por exemplo, ficava com apenas 35 Mb/s de download.
A matéria conta relatos de dois usuários, e após a publicação surgiram mais pessoas que foram lesadas pela Claro. Em alguns casos, a operadora chegou a inspecionar as casas para tentar encontrar distribuição irregular de internet.
A prática de aplicação de franquia na internet fixa – seja com interrupção do serviço ou redução de velocidade – é proibida por uma medida cautelar da Anatel que está em vigor desde 2016, época em que o assunto estava em alta após a Vivo divulgar a intenção de limitar os acessos de banda larga.
A Claro não foi a única operadora que seguiu nesse caminho: em 2020, a TIM Live cancelou unilateralmente o acesso de alguns clientes de banda larga por “uso excessivo”.
Você pode até achar que TV paga é algo do passado, mas o serviço ainda tem mais de 16 milhões de assinaturas em todo o Brasil. Pois bem: a Sky, segunda maior operadora do segmento, foi vendida em conjunto com o serviço de IPTV DirecTV Go para o grupo argentino Werthein.
A Sky era de propriedade da Vrio, braço da operadora americana AT&T responsável pela operação de TV via satélite e IPTV em 11 países da América Latina e Caribe. Os valores do negócio não foram divulgados, mas o Werthein terá de assumir um prejuízo de US$ 4,6 bilhões na incorporação das empresas.
Com a queda no número de clientes da TV paga, o DirecTV Go é o trunfo do grupo para conquistar quem ainda gosta de canais “ao vivo” mas não quer pagar mensalidades caras como no serviço tradicional.
2022 deve ser interessante para as telecomunicações porque deve marcar o primeiro ano do 5G no Brasil. As operadoras têm obrigação de lançar as redes de quinta geração no padrão Standalone em todas as capitais até julho de 2022, ainda que com uma cobertura restrita.
Com a chegada do 5G, as cidades precisarão flexibilizar a legislação para permitir a instalação de mais antenas. A chegada dos players regionais também pode movimentar o mercado de telefonia móvel – especialmente Brisanet e Unifique, que tem um volume de clientes de internet fixa razoavelmente interessante e prometem atuação no Nordeste, Centro-Oeste e Sul.
A fibra óptica também terá o seu protagonismo em 2022, tanto pela expansão de pequenos provedores como das grandes operadoras, que têm planos estratégicos com metas definidas para o aumento de cobertura. Também podemos esperar pela fusão ou aquisição dessas empresas menores, fenômeno que apenas avançou em 2021.
Por fim, mas não menos importante, em 2022 deveremos ver o desfecho da venda da Oi Móvel e o início da transição de clientes da tele para Claro, TIM e Vivo. A princípio, o fatiamento será feito em cada DDD, e a menor compradora em cada região receberá as linhas oriundas da Oi.