Windows 11, dados vazados, problemas com Uber e mais: a tecnologia em 2021
De uma enorme onda de ataques hacker a um apagão de serviços do Facebook: relembre os principais acontecimentos tecnológicos de 2021
De uma enorme onda de ataques hacker a um apagão de serviços do Facebook: relembre os principais acontecimentos tecnológicos de 2021
Diferentemente de 2020, que começou parecendo um ano como qualquer outro e se transformou no primeiro ano de pandemia da COVID-19, o ano de 2021 já começou caótico — banhado em incertezas e crises em diversos setores, incluindo o de tecnologia.
O Brasil, em especial, teve um início turbulento com um megavazamento de dados após um ataque hacker. Mas esse era apenas o prenúncio de um ano complicado no quesito segurança digital para o país.
Ainda no âmbito nacional, enfrentamos uma crise relacionada aos aplicativos de corrida, como Uber e 99, e surfamos uma onda de sucesso do primeiro ano do Pix (mas não sem alguns golpes e impasses no meio do caminho).
Apesar dos pesares, 2021 também foi ano de novidades mais animadoras na indústria. A Microsoft deu o pontapé inicial na nova Era do seu OS com o Windows 11. E muito se ouviu falar em metaverso — teve até big tech mudando de nome para encabeçar essa realidade do futuro.
Vem relembrar tudo isso com a gente!
Janeiro de 2021 chegou como uma bomba para quem esperava os refrescos de um novo ano: um megavazamento de dados expôs dados de 220 milhões de brasileiros, incluindo informações sensíveis como foto de rosto, endereço, telefone, e-mail, score de crédito e salário.
O pacote completo estava sendo oferecido de graça em um fórum online (na web aberta, não na dark web, como você poderia imaginar), associado a outro arquivo com CPFs, nome completo, data de nascimento e gênero. A Polícia Federal prendeu um suspeito pelo caso em março na operação Deepwater em Uberlândia (MG) — ele também era acusado de participar de um ataque ao sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2020.
Esse foi apenas o início do que estava por vir: diversos outros vazamentos foram descobertos nos meses seguintes, partindo de empresas privadas e também órgãos públicos, por falhas internas ou ataques hacker.
A maioria dos casos aconteceu em uma época delicada para o país do ponto de vista legal — a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANDP), responsável por apurar se houve violações à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), só poderia aplicar sanções a partir do segundo semestre.
O ataque mais recente foi direcionado a uma das pastas mais críticas para o Brasil no momento, o Ministério da Saúde. A ação suspendeu diversos sites e plataformas do governo, incluindo o ConecteSUS, que ficou completamente fora do ar por 13 dias, e ainda passa por instabilidade.
Vale lembrar que fevereiro, o DataSUS já havia sido hackeado (duas vezes). O objetivo do hacker, no entanto, era apenas alertar para a segurança da plataforma: “Este site está um lixo!”, dizia o recado. 👀
Em meio a essa salada mista de insegurança, o Senado aprovou em outubro uma proposta de emenda constitucional que inclui a proteção de dados pessoais entre os direitos fundamentais do cidadão.
Nem mesmo o Pix, que fez tanto sucesso entre os brasileiros, escapou dessa onda de vazamentos. O Banco Central (BC) comunicou em setembro o vazamento de 395 mil chaves Pix que estavam sob responsabilidade do Banese.
E esse não foi o único desafio enfrentado pela autoridade monetária para consolidar o Pix, que também virou isca para diversos golpes. A coisa ficou tão feia que alguns parlamentares tentaram propor projetos de lei para barrar o Pix até que mecanismos de segurança fossem implementados pelo BC.
Mas nada disso foi o suficiente para tirar o brilho ✨ da ferramenta, que seguiu quebrando recordes de transações ao longo do ano e se firmou à frente do TED e do DOC.
O Tecnoblog fez um balanço sobre o primeiro ano do Pix que conta também sobre os recursos que ainda devem chegar à modalidade de pagamentos:
Voltando às vacas magras 🐄 — 2021 também foi um ano de escassez de corrida por aplicativo. Os relatos de usuários de serviços como Uber e 99 inundaram as redes sociais quando muitos motoristas começaram a cancelar viagens, causando uma demora sem precedentes para conseguir um carro (e algumas vezes, nem isso).
Ouvindo o lado dos motoristas, descobrimos que os problemas tinham várias origens: a falta de segurança que estes profissionais enfrentam no trânsito, o repasse relativamente baixo que recebem das empresas e a alta de combustíveis. Somados, todos esses fatores estavam levando muitos deles a protestarem, cancelando corridas ou simplesmente não aceitando as viagens.
A Amobitec (Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia) chegou a dizer que o tempo de espera para uma corrida era “reflexo de alta demanda”, enquanto a Uber reconheceu o problema com a alta de combustíveis.
O Procon Carioca chegou a notificar a 99 e a Uber devido ao cancelamento de corridas. A 99 realizou um reajuste de até 25% para motoristas, o que impactou o preço de viagens mais curtas para passageiros. Já a Uber anunciou reajuste de até 35% na categoria UberX em São Paulo. Apesar disso, ainda há muitas reclamações por parte de motoristas e passageiros, e a situação deve ganhar novos desdobramentos em 2022.
Saindo um pouco das crises nacionais, tivemos um grande lançamento no mundo da tecnologia: o Windows 11. Essa versão do sistema, segundo a Microsoft, é o início de uma nova Era, e tem a missão de rejuvenescer uma plataforma que ainda conserva elementos de trinta anos atrás.
O novo Windows, no entanto, chegou dividindo opiniões e causando polêmica. Antes mesmo de ser lançado, uma ISO vazada revelou boa parte da surpresa. Depois, usuários tiveram que lidar com outra não tão agradável: nem todo PC que rodava o Windows 10 seria compatível com a atualização. A empresa divulgou os requisitos mínimos e fez muita gente conhecer o significado de “TPM” (no universo da informática, é claro 💻).
Em outubro, quando o Windows 11 começou a ser liberado para o público final, as primeiras impressões foram de algo lançado antes do tempo, quase inacabado. A Microsoft Store ainda não roda os aplicativos de Android, o que era uma das promessas mais empolgantes feitas aos consumidores — ficou para 2022.
Além disso, diversos bugs em desempenho e na interface do sistema foram reportados. Grande parte já foi corrigida — eu mesma já estou usando o Windows 11 no meu notebook de trabalho e não tive nenhum problema até o momento.
O grande destaque fica, é claro, para o visual renovado. O menu Iniciar e a nova barra de tarefas trazem um ar de sofisticação do qual eu sentia falta desde que Windows é Windows. Janelas de configurações, explorador de arquivos e aplicativos também foram redesenhados para se adaptar a esse novo conceito.
Vale ressaltar ainda que os sons do sistema estão bem mais agradáveis, parece coisa de recepção de clínica de estética em filme futurista. Ponto para a Microsoft!
Deixei para o final um dos temas que mais deram o que falar em 2021: o Facebook, que agora é Meta. Foram tantos acontecimentos envolvendo a empresa que poderíamos ter feito uma retrospectiva apenas para ela — mas, em resumo, não foi um ano fácil para Mark Zuckerberg.
Um dos momentos mais marcantes para o mundo inteiro foi o apagão sofrido em outubro, quando o Facebook praticamente deixou de existir por cerca de seis horas. Se você é (bem) mais novo que eu e não se lembra como é um mundo sem os domínios de Zuckerberg, pode ter tido um gostinho amargo agora que o planeta se tornou tão dependente de seus serviços. O apagão derrubou não só Facebook, WhatsApp e Instagram, como um monte de outros serviços que estavam de alguma forma relacionados.
Ainda em outubro, a big tech passou por mais um grande escândalo envolvendo privacidade, o Facebook Papers, que pode ser considerada a maior crise da companhia desde o Cambridge Analytica. 🔍
A reputação da empresa já andava abalada, mas documentos vazados a expuseram ainda mais com uma série de polêmicas envolvendo o uso da plataforma para tráfico humano e o monitoramento ineficiente de conteúdo em seus produtos, que resultou em maior propagação de desinformação, especialmente em países que não falam inglês.
A crise do Facebook iria além: o vazamento revelou ainda que jovens e adolescentes estão deixando de usar sua rede social principal e migrando para outras plataformas. Apesar disso, a companhia fechou um dos trimestres mais caóticos dos últimos tempos com alta na nos lucros e boas expectativas para o futuro.
Em parte, a aposta se deve ao rebranding anunciado pouco depois: Facebook agora é Meta.
Zuckerberg jura de pés juntos que a mudança de nome não tem nada a ver com os escândalos, e não é uma tentativa de apagar o passado, mas é meio difícil ignorar esse contexto no timing “perfeito” para o anúncio da nova marca.
De qualquer modo, Mark aproveitou o cenário para entrar com os dois pés no que será a “internet do futuro” — e deu destaque para o conceito de metaverso, colocando sua empresa bem no centro de tudo isso. Certamente iremos ouvir muito sobre essa nova realidade em 2022 e nos anos que estão por vir.
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